Publicado no Jornal do Commercio de 09/08/2010
Candidata do PV considera a quebra de sigilos da Receita um caso “gravíssimo”, mas teme que sua exploração reforce a polarização Dilma x Serra, prejudicando sua luta para chegar ao segundo turno
SÃO PAULO – A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, sugeriu ontem que o adversário José Serra (PSDB) tenta se fazer de vítima para ganhar votos com o escândalo da Receita – a quebra de sigilos de milhares de pessoas, incluindo a filha do presidenciável tucano, verônica Serra. Numa referência ao tucano, a senadora condenou a exploração do caso na campanha e insinuou que ele quer ganhar votos com a quebra do sigilo fiscal da filha.
“As eleições estão indo por um caminho que não interessa ao Brasil”, disse Marina. “Interessa para alguém ganhar as eleições se fazendo de vítima para, de acordo com as circunstâncias, angariar a simpatia do eleitor.”
Evitando citar o nome de Serra, Marina defendeu que o escândalo seja tratado da forma correta, mesmo que isso não renda votos e simpatia. E disse não estar certa de sua motivação política, contrariando a tese tucana. Durante passagem por São Paulo, onde gravou seu programa de TV para o horário eleitoral, Marina lembrou ainda, em entrevista, que não só pessoas ligadas ao PSDB, mas milhares tiveram o sigilo violado, o que, na opinião dela, é um desrespeito ao cidadão brasileiro.
“Nós descobrimos que são milhares de pessoas que tiveram o sigilo violado. Se isso teve finalidade política é grave, e se não teve, é gravíssimo”, afirmou.
De acordo com a senadora, o envolvimento de filiados ao PT na violação de sigilos fiscais não é suficiente para comprovar uma tentativa de atingir o PSDB. “Só faz com que a gente exigia cada vez mais a investigação”, disse.
ESTRATÉGIA
O objetivo de Marina ao criticar Serra é tentar esvaziar o escândalo que, segundo avaliação dos verdes, prejudica sua candidatura na reta final da campanha. Para o PV, a exploração do caso na propaganda política e no noticiário reforça a polarização entre Dilma e Serra no momento em que a senadora tentava se apresentar como opção para um segundo turno contra a petista.
“Esta é uma briga que não nos convém. Uma candidatura de terceira via como a de Marina não tem como se beneficiar de uma troca de acusações entre os rivais”, admitiu um estrategista da campanha do PV.
Mesmo condenando a quebra dos sigilos da Receita como um fato grave, os verdes decidiram ignorar o escândalo na propaganda de TV, por entender que o caso desvia a atenção das propostas de Marina. Ontem, no guia, ela falou em mobilização de voluntários e ecologia.
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